sábado, 3 de julho de 2010

NANUFO DESTA SE DEPRIME II


NANUFO DESTA SE DEPRIME II


O encanto roxo a terminar

Ando às voltas, caio em espiral

O cinza separa o céu do mar

Esqueço as formas, a cor ... o real!


Sensação de um estranho poder

que me permite esquecer

A náusea que é detestar sem saber

O saber que é náusea eu não te ver


Sensação de apatia geral

E as pessoas não me fazem mal

Ilusão desperfumada, fria, seca, banal

Novo alerta do meu EU dimensional


Penso, penso e penso e só penso

Creio na unidade do Tempo

Entre nós a única barreira que venço

É cada dia que não vivo mas tento...


Que pelo menos por um dia

tu de tudo soubesses

O mundo assistiria

ao que tu não mereces


Esta é a história mais

Eu sou o por acaso menos

És grande, importante, voltas e vais

... e somos tão absolutamente pequenos ...


Olho! Observo! Páro! Escuto!

Sou parvo, servo e puto

Sei, não sei, talvez, não sei

Depois, no fim ... será que amei ???


O maior sonho do Homem, creio

É transformar vontades em interesses de alguém

É dividir o que está no meio

É chorar, chorar por ninguém



Homenagem a ... qualquer um do céu a assistir à maravilhosa aventura do mundo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

PIM PAM PUM


1
O aviãozinho azul tem uma hélice branca, de borracha; E ela roda esticada por um elástico firme. Mas o aviãozinho não pode voar é feito de madeira e pesa muito.

2
Mas sem sair das mãos do menino O aviãozinho continua a ser lindo E ele imagina-o a voar com um piloto lá dentro até sobre o orvalho de uma manhã perfumada

3
É azul o aviãozinho. E voa de noite e de dia nos sonhos do menino. Juntos dão mil voltas e adormecem de mansinho ao vento salgado da maresia.

4
Podia até o emprestar, mas não. Podia não o recuperar. Essa é a razão.

5
E ele cai, depressa esquecido no momento de um brinquedo novo. É calcado, violado e há risos por ser visto no chão... sem dignidade de um aviãozinho ...azul. Mas a euforia desfalece. O novo não é azul, madeira ou borracha, nem tão pouco sonhador. O aviãozinho volta ao prazer, do menino das coisas pouco sérias, e juntos, a correr e a saltar esquecidos da indiferença ... soltam largas gargalhadas.

6
A correr ele sobe mais. Parece querer levar com ele o menino Para além do azul do céu Parece que vai rebentar... Parece que vai subir... ...na verdade, nem a hélice chega a girar. A pisar as folhas amarelas do Outono sacudidas pelo velho vento e embebidas de humidade e frescura o menino brinca. Vai levar consigo, sempre, um aviãozinho azul na memória Que morrerá em Saudade...de uma doce Infância.

7
Nada preocupa o menino. Nada o detém. Nada o afuguenta, Se ele hoje não vem. Mas... há o aviãozinho, o azul. Levam para longe segredos e até conversas. Demoradas conversas, Descobrem tesouros, esconderijos secretos, poços e minas. E cantam de vez em quando. Ao fim do dia, o menino, Carrega consigo uma flor de jardim Leva um sonho acordado perfume de jasmim.

8
É igual o que se passa lá fora. Tanto faz o que aconteça. Desde que no jardim da sua casa Tudo igual, assim permaneça.