sexta-feira, 2 de julho de 2010

PIM PAM PUM


1
O aviãozinho azul tem uma hélice branca, de borracha; E ela roda esticada por um elástico firme. Mas o aviãozinho não pode voar é feito de madeira e pesa muito.

2
Mas sem sair das mãos do menino O aviãozinho continua a ser lindo E ele imagina-o a voar com um piloto lá dentro até sobre o orvalho de uma manhã perfumada

3
É azul o aviãozinho. E voa de noite e de dia nos sonhos do menino. Juntos dão mil voltas e adormecem de mansinho ao vento salgado da maresia.

4
Podia até o emprestar, mas não. Podia não o recuperar. Essa é a razão.

5
E ele cai, depressa esquecido no momento de um brinquedo novo. É calcado, violado e há risos por ser visto no chão... sem dignidade de um aviãozinho ...azul. Mas a euforia desfalece. O novo não é azul, madeira ou borracha, nem tão pouco sonhador. O aviãozinho volta ao prazer, do menino das coisas pouco sérias, e juntos, a correr e a saltar esquecidos da indiferença ... soltam largas gargalhadas.

6
A correr ele sobe mais. Parece querer levar com ele o menino Para além do azul do céu Parece que vai rebentar... Parece que vai subir... ...na verdade, nem a hélice chega a girar. A pisar as folhas amarelas do Outono sacudidas pelo velho vento e embebidas de humidade e frescura o menino brinca. Vai levar consigo, sempre, um aviãozinho azul na memória Que morrerá em Saudade...de uma doce Infância.

7
Nada preocupa o menino. Nada o detém. Nada o afuguenta, Se ele hoje não vem. Mas... há o aviãozinho, o azul. Levam para longe segredos e até conversas. Demoradas conversas, Descobrem tesouros, esconderijos secretos, poços e minas. E cantam de vez em quando. Ao fim do dia, o menino, Carrega consigo uma flor de jardim Leva um sonho acordado perfume de jasmim.

8
É igual o que se passa lá fora. Tanto faz o que aconteça. Desde que no jardim da sua casa Tudo igual, assim permaneça.

Sem comentários: