segunda-feira, 28 de junho de 2010

Neptuno Infinito


É verdade.

Soube-o logo desde a primeira vez que te vi. E tu não porque andavas muito distraída a recolher búzios para a tua requintada colecção do MAR. Gostei infinitamente de ti.

Há coisas que demoram tempo a congeminar com outras para se tornarem … coisas com importância.

A doença que a História enferma já se locupletou à nossa custa, o que, para ser muito sincero, não me conserva lá muita felicidade.

O que importa?

É que tu existes, estás e és.

É que eu existo, estou e sou.

A colecção, a colecção, a colecção… a colecção?

Estamos cúmplices de um acto de sabotagem recíproco onde ainda não foi concretamente apurado quem disparou primeiro. Se tu. Se eu. Ou ainda… se alguém levou mesmo algum tiro.

O meu desejo é maior que o tempo e não me importo de esperar porque, vá para onde for, nunca me separarei de ti. Desde o início dos tempos, dos primórdios que a Natureza concede à alma a oportunidade de se encontrar com a sua congénere.

A vida não é mais importante que isto.

A vida foi um passeio à noite.

Numa noite de Verão, que só por ser de Verão, já faz com as paredes exteriores das casas e as fachadas dos prédios, o trânsito, as pessoas, a multidão, o barulho… pareça muito mais encantador. Nem as primeiras palavras ela disse. E o segredo de que é portadora, esse, largou o repouso e entregou-o a mim. Está cansada, triste e tem medo. Recolhe-se, uma vez mais, em longe.

Ela grita “não sabia, eu não sabia”.

Vive-se cada vez mais depressa num estado de letargia profundo e a cor de todos é o preto.

Nunca te deixarei. Não é uma promessa. É um destino, percebes?

Não há nada a fazer. Não podemos fugir um do outro. Eu pertenço-te. Sim?

Isto é uma viagem pelo tempo. Dura aqui e durará depois lá, mais tarde. Mas durará sempre.

As intenções são supérfluas. As palavras carregam um significado remoto do sentir.

Vale a pena pensar em ti.

A ausência não é ausência em nós. É distância.

Um dia tu chamas-me e eu apareço.

Tu levas-me e eu vou.

Tu pedes-me eu faço.

Dás e eu retribuo.

Apaga-se e acendemos.

Eternamente.

Feliz escolha a do marujo, que se abeirou da humilde criança e lhe sacrificou a guloseima em troca dos segredos de Neptuno. Mostrou-lhe o mar e o catálogo. Ela escolheu e levou o búzio cantante, que soprava ventos angelicais, sons e melodias que não há. E o capitão da barra levou-a então ao mar alto para de lá verem o farol.

Sempre do teu lado,

A navegar até ao outro porto

4 comentários:

Anónimo disse...

aiiiii! esta!!!!! k saudades.....que lindo!!!!
Gosto de ti!
Mbones

Anónimo disse...

Tu és lindo.
...meu porto seguro...
merecemos...
Plim...

Patricia disse...

É hoje que quero deixar uma marca minha, é hoje que quero deixar sinais de mim espalhados no que escrevo… não quero uma passagem, quero ficar."

Hoje deixas, hoje ficas...hoje é agora e depois...Lá

Anónimo disse...

Grande surpresa para mim...a imagem que tenho sua nunca me levaria a crer que escrevesse desta forma... É um dom que admiro bastante...